Lembro bem. Fomos até albatroz de carona com a tombadeira Scania 111 (jacaré) do colega do meu pai que ia buscar areia. Fui naquele banco atrás que vira cama e estava me sentindo no melhor lugar do mundo. Eu tinha 6 anos.
Na praia ficamos na casa do Manuel, também colega do meu pai que emprestou o lugar pra nós. Não tinha luz na casa e a água a gente tinha que bombear de uma bomba verde daquelas que parecem um dinossauro. Passei a noite escutando aquele barulho sem nem imaginar que hoje dependendo do meu silencio eu escuto de novo.
Foi uma aventura pra chegar na beira da praia porque a casa era bem longe.
Pisei pela primeira vez na areia com meu pai e minha mãe me segurando um em cada mão. Nunca mais me esqueci e sinto até hoje a mesma sensação no coração que senti aquele dia.
Meu Joaquim viu o mar pela primeira vez hoje. No meu colo. A mamãe só saiu pra tirar a foto, mas estava do lado. Senti a mão do meu pai no meu ombro. Joaquim provavelmente não vá lembrar de hoje, mas eu nunca vou esquecer.
E um dia vou dizer pra ele igual a minha mãe me diz até hoje quando digo que vou pra praia: “filho, te cuida. Lembra que o mar não é teu! ”
Mal sabe ela que desde aquele dia ele faz parte de mim, assim como meu pequeno. Temos todos um pouco de cada um, então deixemos o nosso melhor sempre.